sexta-feira, 8 de março de 2019

O MEDO DE ERRAR

OBS: ESCOLHI 12 HISTÓRIAS E CADA PERSONAGEM RECEBERÁ UM NOME DE UM MÊS DO ANO.

Janeiro era uma jovem em conflito, morava com os pais e tinha uma irmã mais nova. Aos olhos dos deles ela era a filha que todos querem ter, cuidava da irmã, era religiosa, esforçada, estudiosa, não costumava sair de casa com os amigos, era virgem e nuca havia namorado. Para a irmã ela era um exemplo a ser seguido. 
As coisas começaram a desandar quando pareciam estar dando certo. Janeiro conseguiu um emprego após terminar o ensino médio, passou no vestibular e começou a namorar um rapaz, mais velho que ela. Mas justamente nesse período foi invadida por uma forte ansiedade por medo de errar, por medo de não ser boa o suficiente, por medo de decepcionar as expectativas dos pais e do namorado, por medo de ir para o inferno se fizesse sexo com o ele antes do casamento. 
Era difícil acordar todos os dias e carregar o peso de ser perfeita, constantemente ela se sentia culpada e incontrolavelmente ela sentia no seu corpo sessões de desespero, batimentos acelerados, falta de ar e choro sem motivo. Ela procurou a terapia incentivada pelo namorado, que estava preocupado e não sabia mais o que fazer.
Janeiro estava passando por algo que geralmente mulheres passam na adolescência. O peso da responsabilidade em conseguir ser o que os pais planejaram. O medo de não ser boa o suficiente, o medo de fazer escolhas erradas, junto com a incerteza de não saber bem o que de fato ela queria fazer com a vida dela. O seu corpo queria se entregar aquele rapaz o qual ela estava apaixonada, mas sempre que eles estavam sozinhos, ela pensava em tanta coisa, a voz da mãe na sua cabeça dizendo que confiava nela, o medo de estar pecando, e quando ela se dava conta estava chorando de forma desesperada e seu namorado não entendia a razão daquelas lágrimas. 
Janeiro me fez refletir: Somos livres realmente para fazer nossas escolhas? poderia Janeiro se permitir errar no trabalho, tirar notas baixas na faculdade, ter prazer com o namorado? Parecia tão fácil ajuda-la a descobrir o que realmente ela queria fazer e quem de fato ela queria ser. Mas no fundo eu entendia a complexidade do seu sofrimento. Ela só queria poder fazer suas próprias escolhas, ela só queria não entrar em desespero pelo simples fato de achar que pode errar. Ela só queria acordar sem sentir que tudo estava desabando na sua cabeça. Ela só desejava não carregar aquele fardo. Ela só queria o direito de ser humana e de trilhar seus próprios caminhos. Algo tão simples, mas que para ela parecia ser impossível.