segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Os incomodados que em si mudem

Algo me incomodava, era um incômodo sutil, muitas vezes eu achava até que ele nem estava lá, mas em alguns momentos ele se mostrava. Me incomodava a forma que ela me olhava, mas sentia-me estranhamente incomodada pelo fato de não saber o que ela pensava sobre mim, me sentia julgada, mas certamente não eram coisas boas. Apesar dela ter merecido cada palavras que eu disse contra ela no passado, eu não queria carregar depois de tanto tempo o sentimento de que nada tinha sido superado. Se ela continuasse a me olhar assim, ou a pensar coisas ruins de mim, seria problema dela, mas eu precisava dizer que ela não tinha mais motivos para levar essa coisa a diante.

Todas as vezes que ela conseguia me deixar incomodada, era como se por questões de segundos eu ainda estivesse presa a um passado. Então eu resolvi falar com ela, racionalmente essa não seria uma atitude que as pessoas olhariam com bons olhos, mas foi bom esclarecer para ela que minhas atitudes não eram provocações, eu estava apenas tentando ser educada. Que eu não sentia raiva dela, não mais, e que eu consegui amadurecer ao ponto de entender que ela não foi a mais culpada na história.

Ela teve uma parcela de culpa, assim como um dia eu tive, mas o mais culpado de todos eu já tinha conseguido perdoar, porquê não fazer o mesmo com ela ne? Não sei se ela foi sincera comigo, é difícil acreditar numa pessoa que você nunca confiou e a qual você não tem boas concepções, mas da minha parte eu falei a verdade e sentir com isso que me livrei definitivamente da sensação de ainda guardar qualquer sentimento mal resolvido. Teve uma coisa que achei melhor não dizer a ela, mas acho que não cabia a mim falar. Provavelmente nunca nos olharemos como estranhas e indiferentes, mas acredito que um dia vamos nos cruzar por aí sem nos sentirmos incomodadas.