quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

planejando...

Olá caros leitores, fico honrada em saber que se interessam pelas coisas que escrevo, durante muito tempo escrevi coisas aleatórias, sentimentos complicados, lembranças do passado ou falei sobre assuntos que considerava importantes. Eu escrevia, apenas sem intensões ou pretensões (eu acho). Apenas pelo prazer de escrever. Estou buscando evoluir sempre mais como ser humano e tenho traçados alguns planos e metas. Estou animada, mas de certa forma bastante ocupada, mas prometo que encontrarei algum tempo pra colocar em prática uma vontade que tenho em escrever um livro (ou um projeto de um). Eu pensava em escrever um livro sobre mim, mas não acho minha vida interessante, ela anda bem comum e normal ultimamente, e eu acebei descobrindo que ser comum as vezes é algo extraordinário diante de tantas histórias que escuto na minha sala de atendimento. Provavelmente irei escrever aqui a parti de hoje histórias de outras pessoas, que talvez vocês até se identifiquem. Claro que não deixarei de me colocar em algum momento. Acho que já esta na hora de vocês conhecerem o outro lado da minha vida. Aquela que escuta problemas, não chora com você, mas entende seu sofrimento e te ajuda a superar. Claro, não tenho todas as respostas, mas sou ótima em aprender a descobrir junto com meu paciente. Estou lendo um livro muito bom que me fez refletir sobre muita coisa, e despertou em mim um sentimento muito grande de querer ir além. E vou compartilhar aqui todos os frutos que quero colher com um novo direcionamento pessoal. Então aguardem, em breve terei novos conteúdos pra escrever aqui. Algo diferente, até eu já estava  cansada de escrever sobre as mesmas coisas. Estou buscando novas experiências, crescer sempre mais. Espero que vocês me acompanhem nessa jornada. Vou tentar postar pelo menos um texto toda semana. Agradeço a disponibilidade do tempo de vocês. Quando vocês leem algo que escrevo estão me ajudando a construir um castelo, um sonho.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

5 de Fevereiro


Existia a minha vida quando meu avô era vivo e passou a existir minha vida após a morte dele. Depois daquele dia, 05 de fevereiro de 2009 tudo foi diferente. Foi como se definitivamente minha infância tivesse ficado num passado bem distante. Foi triste saber que ele não estaria aqui pra ver minha vida adulta se concretizar. Assim como era extremante bom os finais de semana no sítio, com a família reunida rindo da maneira como ele falava, assim também ficou um vazio quando ele teve que partir. As datas comemorativas nunca mais foram as mesmas, ele era tipo o elo que juntava todos, pois sem ele a família meio que foi se distanciando. Nem acredito que já se passaram 10 anos que ele morreu, foi o primeiro momento mais difícil que já passei. O câncer o levou de nós muito cedo e tivemos que aprender a conviver com esse buraco em nossos corações. Eu queria poder sentar naquele alpendre novamente e em silêncio ficar lá, cada um em sua cadeira de balanço olhando pro nada. Após um período em silêncio ele me perguntaria sobre meus planos, sobre quando vou casar, me perguntaria sobre meu emprego, ele sempre me perguntava coisas da minha vida. Sinto falta de ouvir ele gritando meu nome pra pegar uma xícara de café pra ele, sinto falta da sua risada gostosa. E lembrar tudo isso, me veio agora uma vontade de chorar, mas não é tristeza, é saudade! Tive muita sorte em ter tido ele como avô, eu posso dizer que tive infância graças a ele.
Coincidentemente ou não, nesta mesma data, porém em um ano diferente, eu perdi outra pessoa. Bem, essa pessoa não morreu literalmente, foi meio que uma morte ideológica. Naquele dia, 05 de fevereiro de 2014, eu descobri que a pessoa que eu amava, a qual eu tinha enfrentado tudo pra ficar com ela, na verdade não existia como eu imaginava. Na faculdade eu havia estudado sobre as fases do luto: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, o meu processo do luto em relação a morte do meu avô inciou antes dele morrer, não me lembro de ter entrado em negação, nem de ter sentindo raiva, mas eu tentei barganhar com Deus. Fiquei muito triste quando os médicos disseram que não tinha mais jeito e depois de muita oração acabei aceitando que nada mais podia ser feito. Eu aceitei sua partida antes mesmo dele ir embora. Eu sabia que se Deus quisesse ele podia ter curado meu vô, mas a verdade é que isso não estava no plano de Deus, no inicio não conseguia entender, mas depois eu entendi, aceitei e então encontrei paz, mesmo com o coração sangrando. 
Já no meu luto ideológico, eu tenho certeza que passei por todas as fazes. Minha negação começou antes do fim, alguns meses antes eu percebi que ele estava diferente, ficava imaginando o que poderia ser, as vezes me culpava, achava que eu tava errando em alguma coisa, que eu não estava sendo o que ele queria, tentava mudar, tentava conversar, ele só sabia dizer que isso era coisa da minha cabeça. Quando eu estava em negação, não havia pensado na possibilidade dele ter se apaixonado por outra, (e olha que eu imaginava muita coisa, mas esse motivo eu ainda não tinha cogitado). Até que um dia ele me disse que queria conversar comigo sobre uma coisa que não estava deixando ele dormir, aí acendeu um luz em meu cérebro. A luz ainda era meio fosca, e o máximo que eu conseguia pensar era: "Acho que ele me traiu, mas foi algo casual, não deve lembrar nem o nome dela, será que sou capaz de perdoar? Ele que sempre nega as coisas erradas que faz, se esta querendo me contar deve ser pra pedir perdão, só pode ser isso" (Como eu era ingênua). Só agora, ao lembrar daquela noite, liguei dois fato, era noite, estávamos na calçada aqui de casa, com lágrimas nos olhos e dizendo adeus. Por duas vezes vivemos essa mesma situação, só que na primeira vez em 2008, éramos mais jovens e não éramos namorados, apenas dois melhores amigos que estavam apaixonados e não podiam ficar juntos, porque ele tinha escolhido voltar pra sua namorada, em vez de arriscar ver se daríamos certo juntos.  E na segunda e ultima vez, a situação era diferente, era nossa tentativa de dar certo que estava sendo jogada no lixo. No período da raiva (que veio logo após a gente ter terminado o namoro), como eu desejei que ele quebrasse a cara, que um dia ele sofresse como eu estava sofrendo, como eu queria vingança, diante desse sentimento de fúria que me invadiu eu nem me reconhecia, parecia que não era eu, acabei fazendo algo ridículo, menti pra ele sobre uma coisa séria pra que ele terminasse com ela, na hora eu só queria que ele sentisse o que era ser enganado, eu não queria voltar, só queria que ele sofresse. Me arrependo de ter feito aquilo, não me orgulho de ter sido fraca e baixa, mas já me perdoei, primeiro porque ele fez por merecer, segundo porque eu não estava pensando direito. 
Alguns  dias depois veio a fase da depressão, eu não conseguia dormir, não conseguia comer, emagreci uns 4 quilos, perdi o sorriso no rosto, o brilho nos olhos, perdi a esperança no amor, prometi a mim mesma que nunca mais eu ia amar alguém daquele jeito, pra não sofrer novamente. Eu não lembro muito bem do momento da aceitação, acho que deve ser porque ela foi acontecendo aos poucos, dia após dia, foto após foto do novo casal junto curtindo sua felicidade, e um dia eu acordei e tava doendo menos e no outro dia não tava doendo só incomodando, até que não doeu mais. É engraçado achar que essas lembranças depois de tanto tempo são apenas lembranças, alguns anos atrás era minha vida, hoje parece que estou escrevendo sobre outra pessoa, hoje está tudo bem, voltamos até a se falar amigavelmente e estou torcendo que ele seja tão feliz quanto eu sou. Quando éramos amigo eu dei uma foto minha pra ele e escrevi atrás:  se no futuro eu não for seu presente, lembre-se que fui um pedacinho do seu passado. E num é que essa frase se concretizou, depois que ele casou essa foto voltou pra mim, um sobrinho dele me perguntou se eu queria e eu disse que sim. Era uma foto meio ridícula de uma adolescente sonhadora, usando um vestido decotado nas costas e achando que estava linda, mas não me importo, ela faz parte de quem quem eu sou hoje, e por isso ainda hoje eu tenho ela.