Por que insistimos em nos definir por nossas qualidades e pelas nossas conquistas? No fim das contas uma parte do que somos é composta por nossas perdas e desistências. Era confuso tentar entender quem eu era de verdade, aquela menina certinha, romântica, sonhadora, que queria ser tratada como uma princesa ou aquela mulher destemida, atrevida e que queria ser desejada por alguém que não devia. Acabei então entendendo que eu era as duas, eu era a que acertava e sentia orgulho por isso, era a que errava sabendo que estava errando e era também a que errava tetando acertar.
Ao longo da minha vida, nos amores que vivi, que por sinal foram poucos eu acabava sempre amando apenas uma parte de alguém que era o todo. O primeiro eu amava a forma como me tratava, cuidava de mim como se eu fosse o bem mais precioso que ele ja teve. Gostava de saber que ia estar sempre ali, da segurança do sentimento dele, do abraço apertado e de como eu ele ria muito das minhas brincadeiras. Em contrapartida eu não gostava da parte dele que não gostava de sair, de se divertir, que não gostava de quebrar regras, de quando ele não era flexivel a mudanças e tudo tinha que ser sempre muito programado e previsível.
O segundo, não sei ao certo se consegui amar todas as partes dele também. Quem era ele de verdade? eu sempre me perguntava. Ele era aquele cara engraçado, carinhoso que me fazia se sentir única em sua vida, que sempre me surpreendia e que adorava ler as coisas que eu escrevia. Ou era aquele cara mentiroso, que na frente dos amigos mudava quando estava ao meu lado, que me fazia dormir chorando, que me fazia questionar se eu era boa o suficiente pra ele, que me enganava e sempre pedia que eu confiasse?
No passado eu me questionei se era possível esse alguém ser dois vivendo em um mesmo corpo, será que um era real e o outro eu criei na minha cabeça? Com o tempo eu entendi que nós somos a soma de todas as partes, então ele era a soma das partes que eu amava e das que eu odiava. E quem será que ele está tentando ser pra mim atualmente? Um amigo disfaçado de leitor que se sente melhor por saber que não somos intrigados ou apenas um ex que não merece muita confiança pois depois de anos resolveu de repente ser mais legal? A verdade é que tanto faz qual a resposta, não sei qual versão fala comigo as vezes, nenhuma delas me afetará como antes é fato, eu aprendi que ele não é nem cordeiro, nem lobo.
Entender isso foi crucial pra eu enteder quem eu fui e quem sou, entender quem as pessoas que mensionei significaram na minha existência, me ajudou a não me culpar por minhas escolhas, nem pelas escolhas dos outros e a descobrir que era possivel sim amar alguém totalmente, mesmo que algumas partes não fossem tão agradáveis quanto outras. Não existe pessoa certa ou errada para amar, existe alguém que vai ser errado pra você, mas vai ser o certo pra outra pessoa e esta tudo bem e se ainda não está ficará.